segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Intimidade x individualismo


Um dia desses, eu estava folheando as páginas de uma revista e me deparei com uma frase de um famoso empresário e apresentador de TV: “Excesso de intimidade acaba com o encanto do casamento”. As palavras me pareceram estranhas e li mais umas três vezes para me certificar se era aquilo mesmo. O pior é que era.

Na mesma hora, me lembrei de uma atriz global que certa vez disse que, em sua casa, havia, no mesmo banheiro, duas pias e dois chuveiros (!?), pois, segundo ela, "não há romance que resista à disputa de espaço logo cedo, na hora de escovar os dentes".

Não sei se é a falta de experiência (estou ainda no primeiro ano de casamento), mas eu discordo completamente desse pensamento. Como assim excesso de intimidade estraga relacionamento, gente? Como eu posso imaginar estar todos os dias ao lado de uma pessoa com quem eu não posso dividir as minhas misérias, defeitos, manias? Perguntei ao meu marido o que ele achava disso. Ele concordou comigo: "É muito individualismo!".

Acho que os casais estão confundindo as bolas. Naquela ânsia de não perder a sua "personalidade", as pessoas estão entrando num relacionamento cheias de medo e, por isso, caem no egoísmo. Não querem dividir, quem dirá revelar aquilo que há por trás de uma roupa bonita, de um cabelo arrumado, de uma porta de banheiro fechada...

Não estou dizendo que, por excesso de intimidade, as pessoas devam perder zelo com o outro. Ser íntimo de alguém não significa andar com camisola furada ou soltar "pum" a torto e a direito... Mas se policiar o tempo inteiro para não escorregar nem um pouquinho e preservar a sua imagem intacta? Para mim, seria melhor casar com um robô, que eu poderia programar para atender sempre às minhas expectativas.

Namorei por quase sete anos antes de casar. E tem certos comportamentos que só revelamos mesmo quando passamos a dividir o mesmo teto. É claro que, no início, você pode estranhar um pouco, mas o sentimento de liberdade, de compartilhamento, é bem maior do que qualquer constrangimento inicial.

É preciso extirpar as máscaras e parar de viver de aparências! E para isso é preciso coragem. Se, por um momento, a pessoa te decepcionar, parabéns, seja bem-vindo ao mundo real!

3 comentários:

  1. Talita,
    apesar de so namorar ainda, concordo plenamente com tudo que você disse.
    acho que quem fala coisas desse tipo é porque vive o casamento que o mundo prega hj. o casamento em que as pessoas nao convivem. ja ouvi gente dizendo que tem um casamento que marido vive em uma casa e esposa em outra. é pior do que ter 2 pias ne! mas o casamento precisa de companherismo e com certeza o individualismo so atrapalha quem é casado.

    tiago

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  2. É verdade, Tiago! Podem me chamar de "careta", mas acho difícil um relacionamento dar certo com todas esses limites impostos para se preservar uma boa imagem, escondendo muitas vezes quem a pessoa é de verdade...
    Beijos e obrigada pelo comentário!
    :)

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  3. Talita, primeiramente, parabéns pela iniciativa do blog e pela sinceridade com que você escreve.
    Acho que é impossível alguém [pelo menos alguém comprometido] ler esse post e não sentir uma identificação. Parece mesmo uma coisa irreal namorar/noivar/casar com uma pessoa e achar que não deva haver intimidade. As frases que você citou nos posts parece coisa de gente que só casa pela aparência, pela convenção social, porque se houvesse um sentimento forte, nunca se pensaria em preservar a intimidade na relação marido-mulher. Se você não convive bem com a intimidade da relação, de duas opções uma: ou você é egoísta demais para estar em um relacionamento ou não gosta de verdade da pessoa. Beijos!

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