quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Sobre o medo de dirigir e outras coisas...

"Para tudo! O que eu estou fazendo aqui?" foi o que eu pensei ontem quando, na décima aula de direção, deixei o carro morrer pela centésima vez. Não deu para esconder o desespero. A lágrima escapou quase sem querer. Nunca havia sentido tanta dificuldade em aprender algo. Me senti até meio burra por não conseguir responder aos comandos insistentes da instrutora - isso mesmo: uma INSTRUTORA, o que é muito bom para quebrar o preconceito que as próprias mulheres têm consigo mesmas.

Para piorar a situação, um motorista idiota parou o carro diante do meu embaraço em fazer uma curva, bateu palmas e soltou em tom irônico: "Isso mesmo, é assim que se aprende". Clap, clap, clap. Que raiva! Até parece que ele nasceu sabendo!

Sei que daí por diante foi um desastre. Fiquei com medo e não consegui grandes avanços. O medo nos paralisa. Seja o medo de dirigir, o medo de viajar de avião, o medo de levar bronca, o medo de não ter um amor correspondido... O medo é uma pedra no nosso sapato; enquanto não for jogado fora, não nos permite caminhar.

Medo, ao contrário do que pregam alguns, nunca é bom. Nem mesmo aquele que a gente finge que aceita para se proteger, como o medo de saltar de paraquedas, por exemplo. O medo - eis a chave da questão - não deve ser confundido com prudência. A prudência te faz parar e pensar em qual caminho seguir. Te faz por os pés no chão e perceber que você não pode tudo, mas pode buscar alternativas para não ficar sempre na mesma.

O medo, por sua vez, joga baixo. Ele faz você pensar que é incompetente, que os outros são sempre melhores e que você é um completo fracasso. O medo faz você desistir dos seus sonhos porque alguém disse que o melhor seria nem tentar. O medo é próprio dos covardes, dos que há muito deixaram de lado o árduo, mas recompensador ofício de começar tudo outra vez.

Eu não gosto de ter medo, mas eu tenho. É difícil conviver com ele e, vez por outra, ter de enfrentá-lo. Vencê-lo, contudo, é a melhor parte. Você se reconhece forte, você se sente vivo.

Hoje eu decidi que não poderia ter medo do volante por uma questão muito prática: PRECISO aprender a dirigir! E andei toda faceira pela cidade - ainda descompensada na passagem das marchas, é verdade, mas é melhor que nada! O carro (graças ao auxílio paciente da instrutora) morreu uma única vez, mas poderia ter morrido até dez. A grande vitória do dia foi que eu enfrentei meu algoz e pude, literalmente, sair do lugar.

Um comentário:

  1. Amiga, eu também demorei para tirar a carteira! Fui reprovada duas vezes no mesmo lugar! O meu examinador da segunda vez me dizia que eu dirigia melhor do que muitas pessoas que tinham sido aprovadas, mas o meu medo me fazia ser reprovada... Assim que eu consegui a tão sonhada carteira, comprei logo o carro e saí dirigindo... Muitas pessoas que conseguiram tirá-la antes de mim até hoje não dirigem...É questão de confiança e perseverança! Você vai ver!

    ResponderExcluir