quinta-feira, 31 de março de 2011

Esperas...



Às vezes, tenho a impressão de estar caminhando sem objetivo. Fico o tempo inteiro tentando me policiar para não pensar assim, pois é preciso ter paciência e todos esses sentimentos que as pessoas citam quando você se encontra angustiada. Só que palavras assim não tem consolado a minha alma nesse momento. Fico frustrada porque vejo que as coisas estão andando num ritmo que não corresponde às minhas expectativas. É provável que eu esteja acostumada à rapidez dos últimos dois anos e agora, que as coisas parecem ter se estabilizado - ou melhor, estacionado -, sinto falta das mudanças, das surpresas.

Dizem que, para tudo, Deus tem um tempo, que é totalmente diferente do nosso. Mas, humana como sou, tenho limitações em viver essa espera, com a qual me deparo vez por outra... Talvez porque eu ainda não tenha aprendido. Talvez, de fato, eu precise confiar mais. Talvez o que Deus me pede é justamente um abandono total em Suas mãos, para que Ele possa ser verdadeiramente a luz que vai guiar os meus passos. Talvez eu ainda me perca naquilo que eu acho que é o melhor e não tenha conseguido enxergar o que Ele tem preparado para minha vida.

Agora, que ainda estou muito confusa, sinto que o melhor é silenciar. Desligar-me de tudo o que me angustia, seja no lado pessoal ou profissional. Descobrir o que Deus quer de mim, e também o que eu almejo. Realizar o que está ao meu alcance. Parar de me culpar pelas situações que não estão sob meu controle. Não sofrer por um futuro que, naturalmente, é incerto. E o fazer o que me parece mais prudente, apesar de difícil: ESPERAR. Não por ser mais fácil ou mais cômodo, mas porque em mim, mesmo aos troncos e barrancos, ainda sobrevive a fé de que o melhor está por vir e de que Deus cuida dos seus...

terça-feira, 22 de março de 2011

O tudo e o nada

Há poucos semanas, assisti ao filme "Moscatti, o doutor que virou santo". O longa traz a história de São José Moscatti, um médico italiano que viveu em Nápoles e se dedicou inteiramente aos enfermos e pobres, vendendo todos os bens que possuía para comprar remédios e alimentos aos necessitados. Em certa ocasião, ao reencontrar um velho amigo, Giorgio - este também médico, mas que, ao contrário, optou pelo "glamour" da profissão -, o resignado Moscatti, a essa altura da vida já "falido", falou-lhe: "Encontrei tudo no nada".

Essa frase, curta e aparentemente sem sentido, me causou uma certa inquietação, que palpita até os dias de hoje. Como assim encontrar tudo no nada? De onde vem essa capacidade de abrir mão da própria vida para assumir uma postura de completa doação aos outros, recebendo "nada" em troca? Sim, porque não foi somente às coisas materiais que ele renunciou, mas até à possibilidade concreta de construir uma bela história ao lado da pessoa que amava. Sua missão era tão grande que exigia dele todo esforço e tempo. Sem murmurar e por livre arbítrio, ele abraçou o chamado de Deus e tornou-se exemplo para os homens.

Moscatti encontrou tudo naquilo que a maioria considera nada: pobreza, cansaço, doença e até solidão. E para nós, qual será o significado de tudo? Dinheiro, sucesso, nós mesmos e nossos próprios interesses, paz interior, saúde, amigos, família? Onde estamos depositando nosso tesouro? Será que valorizamos o que realmente importa? E o que realmente importa para cada um de nós?

Algumas vezes, me pego refletindo sobre isso. Percebo que perco ainda tanto tempo com coisas desnecessárias... O que vou ser (e ter) no futuro? O que os outros pensam de mim? Por que essa situação é assim, não assado? A vida é tão mais que isso... Há tantas coisas "lá fora" - fora de nós mesmos, do que supomos, do que esperamos - que precisam ser valorizadas... Coisas essas que só percebemos na medida em que buscamos, questionamos, recomeçamos e descobrimos a que viemos.

Nesse momento, é isso que tenho feito: procuro conhecer minha missão nesse mundo. No caminho, determinadas "setas" têm me direcionado. Algumas convicções, muitas dúvidas... No meio, uma certeza tem surgido: desejo viver tudo o que Deus reservou para mim. Corajosamente. Mesmo que, para isso, eu tenha de perder algumas coisas, encontrando meu tudo naquilo que, para muitos, representa o nada.