sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Poderia ser melhor


Hoje estou naqueles dias. Não, não é nada daquilo que você está pensando. É um pouco pior.

Estou naqueles dias de frustração profissional. Eu sei que eu não deveria reclamar, já que muitos gostariam de estar na minha situação: emprego fixo, salário em dia, alguns benefícios.

Mas não é só isso... Posso parecer um tanto quanto utópica, mas ainda sonho com a tal realização profissional. Um emprego em que eu possa acordar e pensar: "Que bom, hoje eu vou trabalhar e tocar aquele projeto!".

Não sou tão boba ao ponto de pensar que existe trabalho perfeito. É claro que sempre vai haver dificuldades e pessoas intragáveis (argh!). Mas gostar do que se faz é fundamental para superar esses obstáculos. Ter estímulo, perspectiva, progresso. Sentir que você erra, mas aprende, não fica estático, na mesmice.

Quando decidi fazer jornalismo, pensava nas reportagens, na rua, nas pessoas, nos textos. Experimentei um pouquinho dessa realidade durante estágio num jornal. A realidade nas redações é meio punk. Os salários são baixos, a carga horária é excessiva, falta carro e você faz uma materinha meia-boca por telefone. Sem falar no ego inflamado de alguns repórteres. Mas sabe que há graça nisso? Existe emoção, correria, novidade, crescimento. Tem um pouco a ver com o imaginário do jornalismo.

Meus olhos brilhavam mesmo era com as revistas. Desde de o início da faculdade, esperava ansiosa pelo Curso Abril de Jornalismo. Queria porque queria fazer parte daquela "nata". Escrever e descobrir um pouco de tudo. Pensar, estudar, (me) informar.

O vento, porém, me levou por outros rumos. Bons rumos até. Recém-formada, em outra cidade, num emprego público na área de Comunicação: o que eu poderia querer mais? Deus foi excessivamente generoso comigo e sou grata por isso. Mas como o ser humano nunca se contenta com o que tem, estou eu aqui a querer algo melhor. Será pecado? Será que estou errada em querer me sentir mais valorizada, mais desafiada, mais explorada (no bom sentido) na profissão que escolhi?

Pior é essa mentalidade daqui. É quase assim: "você só é alguém se passar num concurso". É concurso de manhã, de tarde e de noite. Nos ônibus, nos restaurantes e em qualquer lugar onde dois ou mais estiverem reunidos, o assunto está lá, quase onipresente. Que saco disso tudo! Que saco ver que as pessoas estão perdendo anos de suas vidas fazendo cursinho para passar num concurso e perder outras dezenas de anos num emprego que troca felicidade por estabilidade! Estabilidade... tsc, tsc.

Não tenho nada a ver com a vida das pessoas. Posso falar de mim. E sei que não quero entrar nessa onda. Mas eu tenho outra saída? Não posso simplesmente largar tudo. Também não quero me conformar. Ai, meu Deus, por que essas coisas são tão difíceis?

Preciso pensar melhor no que espero da vida.

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