sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sou jornalista, não uma enciclopédia!

É preciso ter humildade para reconhecer quando não entendemos de um assunto. Dia desses, eu estava fazendo uma espécie de entrevista com um profissional cheio de títulos acadêmicos. Falo “espécie de entrevista” porque, no final das contas, acabou se transformando numa conferência, em que ele só falava e eu só ouvia.

Tenho facilidade para perceber quando as pessoas têm problemas com o próprio ego. Ele logo quis me mostrar que tinha uma visão global das coisas; de fato – reconheço, era muito inteligente. De repente, o que era uma entrevista-conferência tornou-se uma arguição. No meio de uma explicação gigantesca sobre as linhas que dividem o globo terrestre, ele me salta com uma: “Você sabe disso, né?”. Eu, meio perplexa com a pergunta, não consegui esboçar nenhuma expressão...

Pior de tudo é que essa perguntinha insistiu em aparecer nos minutos seguintes da conversa e, daí em diante, na maioria das vezes, passei a responder que “não, eu não sabia!”. Será que é tão absurdo assim eu não conhecer quais fatores influenciam na mudança do PH da água? Creio que não. E ele me olhava como se fosse. O assunto era até interessante, apesar de muito técnico, mas eu fiquei com uma certa revolta quando percebi que ali se tratava de um confronto, em que um dos lados queria mostrar, a todo custo, que sabia mais.

Pois eu digo sem mea culpa: “Parabéns, você venceu!”. Não tenho a menor pretensão de saber tudo, nem mesmo sobre um único assunto. Sou mesmo “uma especialista das generalidades” e não vejo problema nisso. Nem todos os temas me são interessantes e, ainda que fossem, prefiro não conhecê-los completamente. Desejo, sim, exercitar minha curiosidade e buscar sempre aprender com a experiência e o conhecimento dos outros. Com o tempo, vou ganhando maturidade e formulando minhas próprias teses e opiniões sobre as coisas. Quero ler e ouvir sobre tudo e depois esquecer o que não valeu a pena. Cada dia é como se fosse uma folha em branco. Algumas serão armazenadas no livro da vida; outras serão apenas rascunhos...

Um comentário:

  1. Oi Talita!

    brigadíssima pelo carinho! fiquei mto feliz com teu comentário lá no blog!

    e ó, sobre o teu post: sou jornalista tb e uma das coisas com que mais brincava durante a faculdade é que sabemos de tudo um pouco ou nada de coisa nenhuma. Ou seja, estamos sempre aprendendo, crescendo, perguntando. E eu adoro ser assim tb! Aos poucos, a gente vai se especializando e tendo opiniões mais fortes (ou não e dane-se, né. Acho ótimo da vida isso de poder mudar de opinião).

    beijoca!

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