sexta-feira, 13 de abril de 2012

Respeitem a vida humana!



“Eu te gerei antes da aurora” (Sl 109, 3)

Foi com uma profunda tristeza na alma que acompanhei a votação no Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do aborto de fetos anencéfalos. Não posso me calar diante dos fatos, porque, apesar de tentarem sufocar a opinião contrária a isso que considero crime - e aí eu destaco a postura desprezível e declaradamente tendenciosa da maioria dos meios de comunicação - , ainda vivemos numa democracia. Portanto, tenho não só o direito, mas a obrigação, como cristã/católica, de me manifestar. E digo, sem ressalvas, que sou CONTRA o aborto.

Alguém pode pensar que eu, assim como outros que lutam a favor da vida, sou insensível diante do drama vivido por tantas mulheres que, no auge do desespero, pensam ou optam por essa "escolha", como se isto fosse A solução para seus problemas. Não, pode ter certeza que não. Porque eu senti na carne e na alma o quão dolorosa é essa experiência. Já passei pela sofrimento do aborto (por causas naturais) e posso assegurar: não há nada de terapêutico nisso. Essa dor ecoa em nós, mulheres, em nosso companheiro e em nossas famílias por algum tempo. Deixa marcas... O sofrimento, porém, é parte da vida (ou você acha que não? em que mundo vive?) e, nesse caso, não foi consequência de uma escolha nossa. Eu não escolhi matar o meu filho para "aliviar" um sofrimento meu. Não sacrifiquei o outro por causa do meu puro egoísmo! É muito difícil compreender o que se passa, é verdade. "Por que comigo?" é a pergunta que martela nossa mente. Mas, com o tempo, vamos aprendendo que não temos o controle sobre tudo. Deus, sim, está no comando de tudo. A vida é dom, não há escolhas ou exceções em relação a ela.

E por que chamar aborto de "interrupção terapêutica" é absurdo? Porque um embrião/feto/bebê não é doença (e segundo o dicionário, terapêutico é o mesmo que tratamento das doenças)! Ele ou ela é, sim, uma vida, constituída em dignidade. Nesse pequeno ser vivo, assim creio, Deus já colocou uma alma e, por isso, ele deve ser protegido desde o momento de sua concepção. O homem não tem autoridade para decidir quem deve viver, ou até quando. Senão, o que se dizer das pessoas que se encontram doentes nos leitos de hospitais e já não tem o mesmo vigor de outrora? Descartaríamos, tal como se faz com o lixo?

Hoje a ciência nos diz que a anencefalia é incompatível com a vida, mas e amanhã, quem sabe? Somos testemunhas do quanto a medicina se contradiz o tempo todo, porque simplesmente as descobertas científicas acontecem o tempo todo! É claro que um bebê com anencefalia nunca terá a mesma "qualidade" de vida de uma criança em perfeito estado de saúde, mas é possível conviver com limitações, caso contrário, não se pregava tanto o discurso da inclusão social, que nos ensina a conviver com quem é "diferente". E quem me garante que esse diagnóstico médico é correto ou definitivo? Quantos erros têm sido divulgados pela mídia? Não estou querendo desmerecer os médicos, até porque acho que eles deveriam ser os primeiros a levantar a bandeira da vida, mas eu defendo que não podemos desistir na primeira oportunidade. Há algo chamado MILAGRE, e isso, meus caros, a ciência não explica.

Entre as coisas que mais me deixam indignada é ver a incoerência desses movimentos que são A FAVOR do aborto. Podem reparar: a maioria se inflama com um discurso em prol dos direitos humanos e da igualdade. Pois bem: em que o meu direito é maior do que o de um nascituro? E isso se torna ainda mais desleal porque esses pequenos filhos de Deus não têm chance de se defender! Isso, caso não percebam, também é ferir o direito de escolha de alguém!

A você que defende o aborto, eu pergunto: você gosta de viver, não gosta? Você gosta do fato de conviver com outras pessoas, de desfrutar de tudo de bom que nos é disponibilizado, não gosta? Então saiba que você está aqui porque, lá atrás, no começo da sua história, alguém respeitou o seu direito de ter essa vida aqui! Então, meu querido, respeite a vida de outro ser humano! Meu Deus, é tão difícil de entender isso? E essas pessoas se julgam tão instruídas... Quanta cegueira, quanta ignorância!

Mas e os direitos da mulher sobre seu corpo? Por acaso, um bebê é membro do corpo de uma mulher? É um acessório que ela pode colocar e retirar quando bem entende? Não! É uma vida à parte, portanto não cabe à mulher decidir se essa pessoa indefesa tem ou não o direito de vir ao mundo!

O fato é que as pessoas arrumam argumentos POBRES para justificar o que é inadmissível! Para o Estado, parece ser a solução mais fácil eliminar prontamente um ser humano por meio do aborto em vez de realizar todo um trabalho de conscientização com as pessoas a respeito do que é PATERNIDADE RESPONSÁVEL (alguém já ouviu falar?), ou mesmo prestar apoio psicológico e material àquelas mulheres e famílias que passam por essa situação tão difícil que é uma gestação de risco! É um absurdo pagar impostos e saber que esses não estão sendo investidos na melhoria do atendimento público à saúde, na promoção da vida, mas que podem vir a ser aplicados no assassinato de inocentes! Aborto não é e nunca será solução!

Outra questão que alegam: o Estado é laico. Sim, o Estado é laico. Mas esse mesmo Estado é feito por algumas pessoas (muitas, diga-se de passagem) cristãs/católicas ou que, independente de religião, vão lutar por aquilo que acreditam: a vida humana.

Eu poderia escrever muitas e muitas linhas sobre esse assunto. São muitas as razões pelas quais acredito que a vida deve ser respeitada, em todas as suas etapas, razões essas que têm a ver com minha religião, mas acima de tudo têm a ver com minha concepção a respeito daquilo que é ético, daquilo que é justo.

Essa discussão a respeito do aborto veio como uma "balde de água fria" sobre mim. Tenho refletido, de forma mais intensa, sobre o que nós, cristãos/católicos, cidadãos brasileiros, temos feito para evitar que essa "brecha" na legislação aumente, culminando com a descriminalização total desse ato. Muitas vezes, nós falamos, esbravejamos, colocamos nas redes sociais aquilo que nós consideramos como sendo uma das soluções viáveis para quem está pretendendo abortar: "Já que não quer o filho, então o dê para a adoção". Parece fácil, não é? O problema é que a maioria de nós também não assume a responsabilidade de cuidar desses filhos de Deus "rejeitados" por seus pais, pela sociedade! Precisamos ser coerentes com nosso discurso, caso contrário, ele está fadado a ser mero fogo de palha.

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