terça-feira, 16 de agosto de 2011

Mãe...



"Se você vier pro que der e vier comigo, eu lhe prometo o sol, se hoje o sol sair ou a chuva, se a chuva cair...". Por um rápido instante, quase um lapso, essa linda melodia de Geraldo Azevedo me veio à memória. E com ela, a lembrança da minha mãe e das vezes em que a vi sentada no sofá lendo um livro e escutando uma boa música.

Minhas recordações a seu respeito são vagas, pouco nítidas. Mas essa é mesmo a cena que eu gostaria de guardar. A de uma mulher bonita, inteligente e sensível. Uma pessoa iluminada e cheia de amor. Alguém firme em suas atitudes e opiniões.

Às vezes me pego pensando em como eu seria se a tivesse aqui ao meu lado. Como seria nosso relacionamento, nossos diálogos e até conflitos... Muitos dizem que me pareço com ela, tanto fisicamente quanto no jeito de ser. Não tenho dúvida que sim.

A meiguice, o sorriso, a sede de justiça, a serenidade no olhar, o amor incondicional aos seus queridos. O silêncio e o choro contido tantas vezes. O desejo constante de acertar. A impaciência e o drama diante de algumas situações que a vida nos apresenta. Sim, há traços dela em mim que, hoje, já amadurecida, consigo identificar.

Diferenças? Provalmente muitas. Não sou tão vaidosa quanto ela, embora tenha me esforçado, não simplesmente para imitá-la, mas para me sentir bem comigo mesma. Pode ser que no fundo seja a força da hereditariedade gritando em mim... Também não sou tão desinibida como ela; há muito já perdi o jeito para dançar, e isso ela fazia como ninguém...

Mas se tem algo que ela era e que eu almejo para sempre ser é forte. Mas essa força de que falo não é apenas a de se manter de pé quando vem uma provação. Até porque a própria circunstância de perdê-la cedo e, o pior, de não tê-la comigo nas horas mais importantes da minha vida, já representa um grande "teste" para mim. Eu falo de uma força interior de quem não teme as consequências das próprias decisões. A força de estar disposta a fazer o outro feliz, nem que isso lhe cause muitas lágrimas e dores. A força de quem dá a vida, não para ganhar aplausos ou elogios públicos, mas porque ama.

Para mim, esse foi seu maior ensinamento. E como tantas vezes escrevi para ela na infância, hoje eu reafirmo: "Mãe, eu te amo! Cada instante da sua vida foi um presente de Deus para mim.".